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quinta-feira, 8 de março de 2018

Mulher


O culto à profetisa da era pré-cristã, que, de forma secreta, pôs em xeque a disciplina (intocável) da dominação do homem, teve no caça às bruxas o preço a pagar. E a violência que se projeta contra a mulher, tida como o que de puro, natural, exigiu da sociedade uma direção a se tomar em sua defesa (1), cujo primeiro passo consiste em adquirir uma consciência sobre essa violência e as razões pelas quais foi gerada.

Se afirmamos que, ao longo dos tempos, a trajetória da mulher (através da cultura) se fez sob o signo da dominação, hoje a trajetória do feminismo, entendido aqui como uma política de reconhecimento dos nossos direitos, necessita, a cada dia, fortalecer-se, vez que a sociedade, essencialmente masculina, projeta a mulher como impotente, concedendo-lhe poder apenas pela mediação do homem. Em outras palavras, a injustiça praticada contra ela é a justificação legal para sua opressão.

Mas é preciso entender, de maneira histórica, o que representa a existência da mulher enquanto sujeito e como lhe foram caras suas conquistas sociais. Nesse sentido, já no século XVIII, a filósofa Mary Wollstonecraft incluía o direito da mulher entre os direitos da humanidade, e as lutas que se seguiram tiveram o intuito de lhe garantir a educação formal em universidades (1879) e o exercício político do voto (1932).

E só recentemente, pelo Estatuto da Mulher Casada, em 1962, a mulher foi civilmente considerada capaz, sem depender de autorização do marido para trabalhar fora, tendo assegurado o direito da guarda dos filhos, em caso de separação. E somente em 1988, pela promulgação da atual Constituição, lhe foi garantida a igualdade de direitos entre gêneros.

Portanto, um pouco desse histórico foi capaz de mostrar que visões de mundo sobre a mulher vêm paulatinamente se transformando, principalmente pela ação das próprias mulheres, e, embora a realidade estampada no Brasil na década de 40 apresente um perfil da mulher ideal, trechos de música como: “[..] que saiba lavar e cozinhar / que de manhã cedo me acorde para trabalhar” (2) e “às vezes passava fome ao meu lado / e achava bonito não ter o que comer” (3) são atualmente datados. Ou melhor: se muitas mulheres ainda se registram como “Emília” e “Amélia”, hoje, certamente, fazem-no com um novo conceito no ar.

Referências
(1) ADORNO, Theodor W. Minima Moralia. São Paulo: Ática, l992.
(2) LOBO, Haroldo; BATISTA, Wilson. Emília. Intérprete: Vassourinha. Rio de janeiro: Colúmbia, 1941. Disponível em: https://goo.gl/4567H3. Acesso em: 09/03/2018.
(3) ALVES, Ataulfo; LAGO, Mário. Ai, que saudades da Amélia. 1941. Disponível em: https://goo.gl/VPtUeu. Acesso em: 09/03/2018.
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Texto: Arlene Borges da Cunha - Comissão Processante - SRE / Metropolitana B
Imagem: freepik.com

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